O Tribunal de Penafiel condenou sete dos nove arguidos envolvidos numa rede de tráfico de droga que operava no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira entre 2014 e 2019. José Silva, conhecido por “Cabeças”, apontado como o líder da organização, foi condenado a 11 anos de prisão pelo crime de tráfico agravado.
A rede envolvia reclusos, ex-reclusos e familiares, tendo o tribunal considerado que os antecedentes criminais dos arguidos não serviram de dissuasão, justificando a aplicação de penas severas. “Cabeças”, em prisão preventiva desde o início do processo, liderava o esquema, contando com a colaboração de outros detidos para armazenar e distribuir droga, muitas vezes sob ameaças e agressões.
António Monteiro, conhecido por “Canhoto”, e Elísio foram condenados a nove anos e dez meses de prisão cada, não só por tráfico, mas também por extorsão ao recluso Cristiano Pereira. As restantes penas variam entre os oito anos e oito meses e os seis anos e oito meses, esta última atribuída a um arguido que traficava de forma isolada.
Todos foram absolvidos do crime de branqueamento de capitais, por não se ter provado que os montantes movimentados nas contas bancárias dos arguidos e seus familiares tivessem outro propósito além do pagamento da droga.
A investigação, que culminou na chamada “Operação Entre Grades”, revelou a conivência de vários guardas prisionais, já julgados noutro processo, incluindo Manuel Borges, então chefe da guarda, condenado a 10 anos de prisão. O esquema envolvia também a introdução de telemóveis na prisão.
O testemunho de Cristiano Pereira, o único arguido a prestar declarações, foi determinante para a condenação dos restantes. Relatou agressões, ameaças de morte e pressões sobre a sua mãe para que transferisse dinheiro. Acabaria por convencê-la a denunciar o caso, dando origem à investigação.
Cristiano Pereira e a mãe de António Monteiro foram absolvidos, por já terem sido condenados noutros processos ou por falta de provas.