A Polícia Judiciária (PJ) voltou a utilizar as redes sociais para alertar o público sobre a fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, localizado em Alcoentre, concelho de Azambuja. O post, publicado a 12 de setembro de 2024, exibe as fotografias dos fugitivos e apela à colaboração da população para fornecer informações que possam levar à recaptura dos mesmos. A PJ reforça que a investigação está em curso e decorre sob o habitual segredo de justiça, dado o caráter complexo do caso
A fuga, que ocorreu na manhã de 7 de setembro de 2024, foi descrita pelas autoridades como uma operação altamente coordenada e organizada. Segundo informações da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), os reclusos conseguiram escapar com a ajuda externa, utilizando uma escada para transpor os muros da prisão. Imagens de videovigilância indicam que o grupo teve o apoio de cúmplices, que facilitaram a fuga através da introdução da escada nas proximidades do perímetro da prisão. Apesar das medidas de segurança existentes, a fuga foi detectada apenas cerca de 40 minutos após a evasão, o que levantou críticas sobre a eficiência da vigilância no estabelecimento.
Os cinco reclusos têm idades entre 33 e 61 anos e foram condenados por crimes graves, incluindo tráfico de drogas, roubo, sequestro, branqueamento de capitais e associação criminosa. As penas de prisão variavam entre os sete e os 25 anos, refletindo a gravidade das suas atividades criminais.
Entre os fugitivos estão dois portugueses: Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro. Além deles, estão Shergili Farjiani, de nacionalidade georgiana, Rodolf José Lohrmann, da Argentina, e Mark Cameron Roscaleer, do Reino Unido. Todos são considerados perigosos, e as autoridades alertam para o risco de confrontos violentos em caso de tentativa de abordagem por civis.
Desde a fuga, a PJ tem trabalhado em estreita colaboração com autoridades internacionais, como a Interpol e a Europol, na tentativa de localizar os fugitivos. Mandados de captura europeus e internacionais foram emitidos e, segundo a PJ, foram estabelecidos postos de controlo em várias regiões, incluindo áreas fronteiriças e aeroportos, numa tentativa de impedir a sua saída do país.
O diretor nacional da PJ, Luís Neves, em declarações à imprensa, descreveu os fugitivos como “extremamente violentos” e destacou que a fuga foi “meticulosamente planeada”. A operação de recaptura envolve várias forças de segurança nacionais e internacionais, numa coordenação sem precedentes, para garantir que os reclusos sejam detidos antes de poderem cometer novos crimes.
A fuga de Vale de Judeus gerou uma onda de críticas à gestão das prisões em Portugal, particularmente sobre as falhas de segurança evidenciadas no caso. O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional e outros sindicatos de funcionários prisionais manifestaram preocupações sobre a falta de recursos, formação e tecnologia de monitorização adequada para prevenir eventos como este. A ministra da Justiça, que inicialmente foi criticada pelo silêncio em torno da situação, já ordenou a abertura de um inquérito interno para apurar responsabilidades.
A fuga reacendeu o debate público sobre a eficácia do sistema prisional em Portugal, com muitos a questionarem se o país está devidamente equipado para lidar com criminosos de alta periculosidade. Em conferências de imprensa, as autoridades têm pedido calma à população, mas sublinharam a gravidade da situação, apelando à cooperação de todos na partilha de qualquer informação relevante.
Com os cinco reclusos ainda em fuga, a PJ continua a alertar a população para os perigos associados ao caso. O envolvimento do público é considerado crucial, uma vez que os fugitivos são considerados altamente perigosos e podem estar a receber apoio para escapar da polícia. As investigações avançam com o suporte de várias entidades internacionais, e as autoridades mantêm a esperança de capturá-los em breve, encerrando uma das maiores caçadas a reclusos em Portugal nos últimos anos.