A Polícia Judiciária (PJ) manifestou esta quarta-feira preocupação com o tráfico de cocaína altamente organizado em Portugal, alertando para o envolvimento de organizações criminosas com grande poder económico e influência em setores estratégicos. Durante a apresentação do Relatório Anual de 2024 de Combate ao Tráfico de Estupefacientes, a PJ revelou que medidas estão a ser tomadas para reforçar a segurança nos portos nacionais, sem especificar quais.
Segundo Artur Vaz, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) da PJ, estas organizações funcionam como “verdadeiras multinacionais do crime”, muitas vezes associadas ao branqueamento de capitais e crime violento. O responsável frisou que, nos últimos anos, os contentores marítimos destinados aos portos europeus, incluindo os portugueses, têm sido utilizados para o transporte de grandes quantidades de droga.
“Temos vindo a desenvolver diferentes esforços para reforçar a segurança nos portos, em articulação com todas as autoridades nacionais e internacionais”, sublinhou Artur Vaz.
Corrupção na Autoridade Tributária agrava o problema
A vulnerabilidade dos portos portugueses ficou patente com a detenção, em fevereiro, de dois funcionários da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), acusados de facilitarem a entrada de cocaína em território nacional em troca de subornos.
Questionada sobre este caso, a subdiretora-geral da AT, Ana Mascarenhas, garantiu que estão a ser implementadas medidas para reforçar a análise e vigilância, mas recusou revelar mais detalhes.